6.5.09

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não sabia ao certo como tinha ido para ali, naquela vastidão de mundo, encoberta por céu, água e nada; nem o que possivelmente a teria levado para aquele lugar, aquela situação, aquilo. nesse intervalo de tempo em que tentava processar as idéias em busca de respostas para todos esses questionamentos adicionais na sua vida, que apareceram agora com essa situação, resmungava em alto e bom som porque diabos essas coisas só aconteciam com ela.

pois bem. passaram-se 10 minutos. mais 5 e alguns tapinhas leves no rosto. nos outros 10 minutos seguintes, ela já tinha controlado a suas mãos, a sua respiração e a gradativa emissão de sons - tinha parado de gritar desesperadamente palavras de baixo calão que só ela conhecia - e até tinha arriscado uma mudança de posição...

ora! puxava aqui, mexia mais ali no cantinho, ali mesmo, do outro lado; balançava era tudo, deixando a situação mais inconstante do que ela possivelmente aparentava ser. esse era o problema: possivelmente aparentava ser; não era ainda uma coisa estabelecida, esse possivelmente aí a amedrontava mais do que a idéia de estar boiando em pleno mar aberto em cima de um colchão, sabe-se lá de quem, da onde veio, se tinha restos de xixi humano, de animais ou como ela tinha feito para conseguir boiar em cima daquilo sem afundar (estaria magra demais? será?).

o fato é que, tentava a esquerda, e a direita parecia ser "atrativamente melhor" (hã?). o típico oito ou oitenta. sete ou setenta. quatro ou quarenta. isso ou aquilo ou ainda aquilo tudo ou isso tudo ou tudo ou nada ou nada e tudo; tudo isso, sabe? pronto, sabe, sabe; isso tudo.

essa linha tênue entre o equilíbrio e a queda que o isso ou aquilo exigia tinha sido o seu carma por anos e anos. tentara aula de balé, ioga para idosos, hidroginástica com ênfase em postura corpórea e até acrobacias (acredite!!!) circenses, mas nada parecia surtir efeito.agora, presta atenção numa coisa: sabe o que vem a ser engraçado nisso tudo? não é a parte em que ela era a menos agitada do clube das iogaterceiraidade não, nem o fato dela ser a "jaca mole" dos treinos de acrobacia; é que, sabe-se lá pourquoi ela foi parar ali, como ela foi parar ali, o que diabos ela estaria fazendo ali.. mas, foi em pleno colchão d'água no meio do oceano verde-claro, feliz por se sentir mais magra que ela descobriu que existe sim um lugar onde se pode respirar; depois de 30 minutos nessa realidade, ela desistiu de tentar se equilibrar: se deitou. afinal, também conseguia enxergar na horizontal...