20.3.12

do amor.







porque era ela, porque era eu. e porque eram dois em um só, numa só força, energia e vontade, eles conseguiam ser.

na primeira vez, foi como um susto. surpresa boa. batida frenética do coração. ali estava ela, completando idade nova, em meio de um amontoado de gente. não ouvia nada. não via nada. só as luzes daquele lugar antigo, daquele recife antigo. procurava. procurava ele, procurava a sua presença. não fazia sentido sem ele. nada, nada fazia sentido. até que.. aquela blusa listrada, branca e azul, apareceu. uma sacolinha a acompanhava. uma bolsa. nela, o presente. o seu presente. ele não sabia que o maior presente estava ali, de branco e azul, andando compassadamente em sua direção, cabeça baixa, olhar tímido, sem saber como justificava a sua demora. presente? que presente? demora..? muito menos. ela nunca quis saber de nada disso. ela só quis saber do coração batendo pela boca e de todo o amor que ele despertou naquele segundo em que se fez presente. se fez o presente. e ali habitou a noite toda, ao seu lado. e foi assim que pediu pra noite não terminar, ela dormir com ele e prolongar o que jamais poderia terminar: o amor daquele momento.
--
na segunda, já foi diferente, mas nem tanto. foi ali também, no mesmo lugar, mesmo espaço, numa outra festa. em meio a chuva, gente, suor, cerveja; em meio a um balcão, uma radiola de fichas, uma troca de olhares,encostados numa parede, surgiu uma declaração: foi um eu te amo limpo, límpido, sincero, gostoso. foi o mais bonito que qualquer um que tivesse ali poderia ter presenciado. foi debaixo de dois olhares amedrontados, sufocados pelo sentimento que pressionava em sair gritando, aos quatro cantos, esse amor desenfreado. foi o eu te amo mais lindo que todo mundo viu. foi o mais bonito que ela viu.
--
na terceira, foi quase um momento de aflição; não foi no mesmo lugar não, mas era até parecido; tinha radiola de ficha, quintal, música, amigos... tinha gente importante, tinha vergonha, receio, medo de não ter atenção. é,ela tinha isso. e foi justamente, em meio a agitação do show do rapaz que cantava o amor no cotidiano, falando em miojo, tombo, e outras milhares de coisas, que a dança aconteceu. que o amor ali se mostrou. que a menina perdeu a vergonha e flutuou. se deixou levar pelo momento, pela emoção e apagou todos que ali estavam, tornando essa lembrança um caso de duas pessoas só. e quando voltou a realidade, todos estavam ali, admirados com o amor. até a mulher famosa bradou: - é, vocês são lindos juntos. e a menina, claro, encheu o peito de amor e se calou ali, ao lado dele, sorrindo sem pudor.
--
a quarta? a quarta foi história de cinema, daquelas que a gente paga de novo pra ver todas as sessões que conseguir ir. porque mágica assim, só em cinema. dia dos namorados, mulher triste, sem notícias, aflita depois de uma briga, chora pensando que foi esquecida. tem medo dele não dar o devido valor, sonha em fazer tanta coisa nesse dia, curtir a vida com a sua companhia, aquele ao qual pertence o seu amor; só que as horas se arrastam, e nada acontece;o dia escurece, trazendo a noite junto... ela, que ja estava furiosa, se contenta com a idéia de um esquecimento. pensa no aborrecimento e só quer esclarecer as coisas. coloca todas as suas armas em jogo e se apronta para a batalha, esquecendo que nem sabia se o tabuleiro poderia, na verdade, existir. quando ele chega, todo afobado, ainda agoniado da correria do dia-a-dia, ela o olha com alegria mas disfarça o sentimento; ele, que não é besta nem nada, tinha preparado a surpresa mais linda que nem ela poderia imaginar no acontecido: uma caixinha simbolizava todo o esforço adquirido nesse tempo de convívio para surpreender a sua amada. ela olhava, admirada, aquele negocinho de madeira, onde tinha escrito 'abra se puder' e se perguntando se era necessário. ela, tomada pelo nervosismo, nao consegue abrir a caixa, mas ansiosa pelo que ali ele guardava. quando a abriu, não aguentou o choro. era tão grandioso que ela nao tinha palavras; era simples, lindo, perfeito. ele tinha feito tudo o que ela gostava: vales ali dentro de diversas coisas que ela amava, mas um, em especial, era o que mais importava: aquele que tinha escrito eu te amo no fim da caixa. ele se apressou logo a dizer que esse nao tinha data de validade. e ela, respirou aliviada, por ter o melhor companheiro de jornada. pediu desculpas por ter duvidado, mas no fim, ele tinha conseguido, ser o melhor namorado. foi o presente mais bonito que ela tinha recebido. a caixinha nunca mais abriu. ela guardou tão bem os vales para saber que eles não se expiravam, que agora o que ela mais queria era utilizá-los.
--
e a última, sabe qual é? é aquela em que a surpresa é a palavra-chave. era fim de ano, época festiva. aniversários, casamentos, confraternizações. ela sempre queria estar com ele, a saudade a matava aos poucos. era dessas que precisava ver, beijar, sentir, amar ali, de ladinho. fm de semana sempre era fim de semana porque ele estava ali, com ela. isso era fim de semana. o amor era fim de semana. e foi, naquela noite, onde tudo o que ela sentia era saudade, vontade de ficar junto, dormir junto, amar junto, pegar nas mãos junto, que todos estavam ali, menos ele. ele, se preocupava em terminar um presente. em casa, cheio de coisas para terminar, nao percebeu que o verdadeiro presente para ela era ele ali, com ela. a companhia dele. o amor dele. e ela, que estava na festa, nao conseguia disfarçar a falta que ele fazia. nao ouviu o seu celular tocar. 1, 2, 3 vezes. quando resolve olhar a hora pra ir embora, vê tudoo que tinha perdido: ligações não atendidas e uma mensagem dele. o coração saindo pela boca, as mãos trêmulas de ansiedade, ela liga e se depara com quase uma briga: ele, já tinha desistido da surpresa. ela, triste, argumenta, ainda sobre o efeito da surpresa. triste, desliga o telefone. 15 minutos depois, o carro chega. ele não tinha desistido. ele surpreende. sempre. ele entende, ele aceita, ele se dobra em mil. ela, extasiada, nao sabe se beija, se abraça, se agradece pelo presente. o aniversário era de outra menina, mas quem tinha o maior e o melhor presente era ela: ele.

porque? porque era ele; porque era eu.


e porque eram assim, ela poderia, ainda falar sobre aquela vez onde ela adormeceu de tanto chorar em meio ao seu abraço, que calava o soluço; ou aquela vez onde, no corredor do hospital onde a sua mãe estava, ele a abraçou e apertou a sua mão tão forte que ela sentiu que ali era a sua moradia; ou, ainda, quando escolheram passear, livres, pelas ladeiras de olinda, escolhendo o futuro juntos, o lar juntos, a vida juntos; ou, também, poderia contar sobre o dia em que a perda dele foi tão grande que ela chorava de dor pela dor que ele sentia, ali, encolhidinho no seus braços; ou, ainda, aquele abraço de manhã, antes de levantar, só pra confirmar que ele está ali, com você, por você, para você.
cinco eu te amos. cinquenta eu te amo. quinhentos eu te amo.

ad infinitum...


Nenhum comentário: