8.10.08

agenda-setting e a vida nossa de cada dia..


O verbo informar, derivado do latim, originalmente significava, em inglês e francês, não só relatar fatos, mas, também, formar a mente. Desde o século 15, com a revolução da prensa gráfica criada por Gutenberg, a importância da informação já era claramente apreciada em alguns círculos sociais. Mas, foi nos séculos seguintes, com a formação de uma sociedade comercial, resultante das revoluções francesa e industrial, que ela ganhou destaque.

Com o aumento do número de impressos que a prensa proporcionou, uma imprensa periódica pôde se formar. Essas publicações, muitas vezes, eram lidas em voz alta e discutidas nos cafés - estes que, se tornaram um foro político, onde homens, mulheres e até os que não sabiam ler tinham voz na discussão do relato oral das obras - embora nem todos fossem ouvidos com igual interesse.

Durante a revolução francesa, a mídia desempenhou um papel importante, atuando como uma formadora de opinião entre as diferentes esferas da sociedade. Obras como a Enciclopédia despertavam a consciência política e transmitiam conhecimento não só para os ricos que podiam comprá-las, mas, também, à população em geral, já que edições mais baratas foram lançadas devido à facilidade de publicação que a prensa trouxe.

No entanto, é fato que a tecnologia não pode ser separada da economia e que o conceito de revolução industrial precedeu o de revolução da comunicação. A revolução industrial trouxe a idéia do avanço, do novo, em todos os setores. Na mídia não seria diferente. O telégrafo, o rádio, a televisão, a fotografia e o cinema surgiam como a vitória sobre o tempo e o espaço, como facilitadores da ‘nova vida moderna do homem na era moderna do mundo’. Aliás, desde os primórdios da humanidade, o homem busca facilitar a sua vida: inventou a roda, dominou o fogo, descobriu a eletricidade... Afinal, essa seria mais uma fase da história das descobertas humanas, ou o homem estaria condenado a estagnar nisso? Regressão ou evolução?

Assim como a soma, no Admirável Mundo Novo do Huxley, e os comprimidos anestesiantes, do Fahrenheit 451, a sociedade de hoje vive das informações triviais que a mídia escolhe – ou melhor, segundo ela, ‘seleciona’- mostrar. A manipulação de notícias é fato mais que provado no dia-a-dia da imprensa. E o que a população faz a respeito disso? Senta no sofá e desfruta de toda a programação disponibilizada pelas redes de comunicação – seja ela na TV, no jornal ou no rádio. Aliás, um dos pontos fortes de crítica que o Fahrenheit faz a sociedade é o fascínio que a televisão exerce sobre as pessoas. Muitas delas crêem que assistir a quatro horas de TV as torna aptas a uma reflexão acerca do mundo.

O que se deve deixar claro é que não devemos ser contrários à inovação, afinal, quem vive de passado é museu. Entretanto, do que adianta se sentir poderoso por ter um controle remoto em mãos e poder passear por diversos canais de informação por segundo na TV, se a maior parte do que é veiculado pela mídia não nos dá chance de reflexão?

Voltando à questão lançada anteriormente sobre regressão ou evolução, chega-se a um ponto final: com tão pouco estímulo para se pensar hoje em dia, do que adiante eletricidade, rodas e fogo brando se o homem continua querendo usar apenas 1/3 do seu cérebro? A preguiça pode até ter servido como estimulante para o surgimento de invenções que transformariam a vida em sociedade, mas será que o preço a ser pago por elas é a ignorância pela acomodação?

2 comentários:

Anônimo disse...

que texto legal. era pra faculdade?

foi bastante instrutivo pra mim, que não sei quase nada sobre a história da imprensa, e sempre que tinha que falar alguma coisa a coisa a respeito, enrolava com um "desde os primóóóórdios" e sempre anotava mentalmente uma promessa de pesquisar isso mais a fundo, por curiosidade mesmo. haha

é, e eu concordo. e não sei se essa acomodação é histórica, mas que hoje em dia ela tá foda, aí tá! ;)

Nathália. disse...

Ahh, sol e a estrada amarela.
desejo isso três vezes mais pra você, colega.
ninguém quer ficar com saudade amarrada na garganta não. :DDD

beeijo!