22.12.08

baby, i love you




Tenho uma teoria acerca da importância da música nas nossas relações do cotidiano: para mim, uma relação só existe se ela tiver a sua música própria, aquela que serve de trilha sonora, que toca involuntariamente na sua mente quando a rádio sintoniza tal pessoa ou tal estação que te faz lembrar esse certo alguém.

Pronto, é disso mesmo que eu quero falar hoje, porque eu, ultimamente, ando gritando, escrevendo, assim, no ar, como uma doida, para quem passa na minha frente e é atingido, ferido, zapeado, lombrado ou chamado por tudo isso. Chego a parecer uma doidamaluca quando paro e jorro alguns versos de canções, meio desajeitadamente e, até, timidamente, ora em forma de cantoria, ora como uma leve e doce poesia: e quem recebe, pelo menos até hoje, tem reparado na [real] importância disso.
Não é que cada um tenha que ter um numerozinho presente naquela escala que a gente fica rodando o botãozinho atrás de uma boa freqüência não; o que eu quero deixar claro é que, justamente, são poucas as pessoas que têm essa estação marcada, decorada, entre os números principais da rádio da nossa mente.
Tenho uma música para cada um dos meus amores cultivados, sejam eles amores constantes, amores clandestinos, desamores ou eternos. E é de se impressionar como a freqüência é sempre fantástica!
O samba é, geralmente, dos desamores: amargura, cerveja, saudade e boas lembranças fazem com que ele toque na vitrola da gente e remeta a algum dos amores citados. As canções mais antigas, que a gente guarda nas estações chamadas clássicas, são as que nos lembram aqueles momentos que outrora estavam aqui, quase que na janela da gente, como aquela fazenda antiga e os violões, mas que hoje fazem parte de um passado cheio de Belchior, Benito de Paula, Clube da Esquina, O Grande Encontro e outras poesias que, inacreditavelmente, eu sei cantar desafinadamente e muito mal, mas não erro uma sílaba!
Os Novos Baianos, Gil, Gal e seus Doces Bárbaros, a sangria da Ave, a transcendência do Harrison, o amor transbordante do Chico, do Caetano, de tantos outros que fazem com que a gente grite, a gente pule, a gente se abrace, cante na janela do carro, com o vento batendo na cara, dance e dance e dance e nunca se canse é outro ponto importantíssimo: esses daí fazem parte dos amores constantes. Tocam todo dia, como quem já sabe que toca na mesma freqüência pulsante do coração.
As trilhas de filmes? Bem, essas, com certeza, viram as trilhas dos clandestinos: platônicos, efêmeros, suspirantes, seja lá a denominação que a gente quiser atribuir à isso, é fato que, de amores clandestinos, o filme da nossa vida anda cheio, não é? Só que, aí parece mais aquele enígma do "copo metade cheio ou metade vazio?", porque, se a gente parar para analisar, quantos rolos de filmes são precisos pra caber toda a sua vida? Vários, eu te garanto. E, por isso, meu amigo, te falo aqui, agora, sem nenhuma cerimônia: amores clandestinos são precisos, preciosos e (im)previsíveis nessa vida da gente.
Pra terminar, e os amores eternos? Esses são como as músicas das letras bonitas, que fazem a gente chorar cada vez que repetimos ela: ela consegue criar uma lágrima diferente para cada sintonizada na estação. São as músicas do João Bosco, com certeza. São as músicas que a gente sabe cantar todinha, sem pestanejar, e que, quando canta, sintoniza o pensamento em alguém. É como ouvir o bêbado e o equilibrista e não sentir um arrepio; não gritar o baby, i love you e cantar você precisa saber da piscinada margarinada Carolinada gasolinade
mim
colocando a cabecinha meio de lado, tentando sentir a música.
Minha gente, essa trilha desses amores eternos é, simplesmente, a trilha dessas nossas relações. Simples assim.

4 comentários:

Clareana Arôxa disse...

com os olhos marejados, a única coisa que eu preciso/posso te dizer é:
eu te amo.

Adriana Godoy disse...

Olha, adorei sua teoria ou análise de todas essas coisas que nos rodeiam, que são importantes, mas que a gente não pensa muito. É como se ficassem em um espaço vazio e de repente estão lá nos sensibilizando para as coisas do mundo. Gostei mesmo. Grata pela visita, pode me adicionar, será uma honra. Abraço.

Duda Martins disse...

THAYENNEEEE,

SAUDADEEE! FELIZ NATAL PRA TU, TE AMO.

BEIJÃÃO

j. disse...

música é alma, vida devia ter trilha sonora. E até tem, para aqueles que, como eu (e tu, acho), ficam com as devidas músicas na cabeça pra cada situação. Tanto acredito na música que fiz dela meu emprego, meu ganha-pão e felicidade. Mas ó, nessa de música lembrar relação, paixonite e tudo... deixei de acreditar nisso, a partir do momento em que deixei de gostar de algumas músicas por esse motivo.
Feliz natal, moça. Continuo lendo e adorando tudo que escreves aqui :)