12.12.08

da série gente como a gente, número 1.


Quando a gente vê esses olhinhos pequenininhos, parecendo dois risquinhos que se apertam muito, mas muito mesmo, como que tentando segurar um absurdo de ternura e leveza que eles exalam, é quase impossível não se ver num sorriso quase nascente na gente; é que eles parecem refletir o que encontram pela frente, assim, meio sem cerimônia nenhuma.

Por que, na verdade, todo mundo sabe que o sorriso é a principal saída das nossas necessidades - é a síntese de todo um processo interior, resultante de duas etapas anteriores: a tese e a antítese. A tese a gente pode imaginar como a parte racional que pulsa dentro de nós (ou todo aquele encadeamento de pensamentos considerados lógicos, sensatos e previsíveis)...uma tentativa de fazer as palavras cruzadas do lado de dentro da gente.

A antítese? É, simplesmente, na melhor das hipóteses, o inesperado, asfixiante; é o magma, a semente, o engodo, o que lateja descompassadamente em todas as partes - inclusive em meio à tese.
Ora, pois, o sorriso não poderia deixar de ser a parte pulsante que resulta dessa mistura toda: é um depois.E não um depois que se resume a futuro; é um depois de resultado, de recompensa. É sorriso e pronto, chega.

E, assim como os seus olhinhos que exprimem melhor que os de ninguém aquela máxima de que "os olhos são a janela da alma", o sorriso dele traz um não-sei-o-que-bom-demais. Sabe ser terapêutico. Abraços que abarcam o mundo, o instante ali, quase fotografado pelos olhos brilhantes e cheios de "quero muito mais, sempre, da vida"; é disso que eu falo, que eu grito, que eu exalto, que eu admiro, que eu chego a me calar para pensar na quantidade de coisas que eu preciso dizer, apontar, mostrar mas que ainda não sei falar sobre. Mas, de certo, saberei. Quando a gente percebe gente assim, como a gente, não costuma deixar ir passear, ir embora, ir muito longe não. A gente sente falta e quer ali, num potinho, se puder... pra sacudir, apertar, amolengar, ou, só para sorrir mesmo.

Kundera, Piaf, Devendra and ribbons around the fumes...era só disso que eu tava querendo falar esse tempo todo, era só de sorrisos maiores;
só de gente como ele; era só de gente como a gente.
(texto prometido para ele, tinha que ser o primeiro.)

5 comentários:

Sunflower disse...

olhos que nem sorrisinhos, pra variar, amei a imagem e amo devendra.

Você conhece o Sufjan Stevens, não? Ele vai te adorar. juro. Seus olhos vão gargalhar.

leila saads disse...

Thaís, LINDO!
Quando comecei a ler já semti um sorriso pendendo nos lábios! A idéia da tese/antítese - demais! E, além de tudo, ficou muito bem escrito!

Parabéns!

=*

Nathália. disse...

coleguis,
que lindo poxa.

tô precisano de gente de sorrisos maiores por aqui.

=*

Darlan Caires disse...

te achei feliz, ponto final.

Nathália. disse...

Eeei, me ensina a fazer esse template bacana?

te dou um chocolate. ;)