30.11.08

etnografia

Se você pegar o dicionário e procurar pelo significado da palavra mania, encontra a seguinte descrição:
  • ma.ni.a s.f 1 tipo de desequilíbrio mental 2 esquisitice 3 idéia fixa 4 mau hábito - maníaco adj. s.m.


Pois bem. O portador de manias é, adjetivamente, involuntariamente, assumidamente ou, simplesmente, um maníaco. Mas, como saber se você é um deles? E, pior, em qual nível de lucidez maníaca você está? Maníaco crônico, médio ou iniciante?


Esqueça esse senso comum de que apenas alguns carregam manias e que existem pessoas que não as desenvolvem. E quando falo em senso comum de manias, falo daquelas que, mascaradamente, aparecem com nomes como cismas, paranóias, neuroses, esquisitices ou excentricidades e que nos rendem títulos como os de loucos, insanos ou levemente perturbados. TODO MUNDO É PREMIADO COM UMA, essa é a verdade.


Alguns as desenvolvem logo no início da vida, outros vão as adquirindo com o passar dos anos, seja como reflexo de alguma situação vivida (a chamada seqüela), por vontade consciente de tal hábito, loucura crônica mascarada de excentricidade ou mesmo por motivos ainda desconhecidos mas que tem tudo para integrar o hall de mistérios da humanidade junto a casos como o do “quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?”.


Nós, seres humanos de telencéfalo altamente desenvolvido aprendemos a conviver com fases ao longo da nossa existência: nascer, crescer, se reproduzir e morrer. Nada muito complicado. Sendo assim, cada fase terá seu grau de importância devida para cada ser humano, e, por isso, podendo se considerar imprescindível no desenvolvimento de certas manias. Exemplo disso? A infância. É nela que os pequenos filhotes de seres humanos de telencéfalos altamente desenvolvidos se familiarizam com a vida moderníssima do pós-parto. Tudo é novo, tudo é lindo, tudo é apreendido. Entretanto, certos humanóides esquecem que há outras fases a serem seguidas e parecem estagnar por tempos a fio nessa, carregando certas manias com eles quando estão aptos para ingressarem nas próximas fases, como é o caso do xixi na cama, não dormir sozinho, chupar dedo, etc.


Mas não se preocupe, nem todo mundo é tão óbvio assim e, por isso, nem toda mania é conhecida, ou, pelo menos, tão conhecida para ser (re)conhecida como mania. É o caso dos nossos hábitos nem tão confiáveis do dia-a-dia. Todo mundo, se parar para pensar por cinco minutos a respeito do que julga imprescindível na sua rotina diária, vai ver que tem uma mania. Mania de limpeza, de organização. Minha mãe tem mania de escrever palavras com a ponta dos dedos enquanto conversa, meu irmão tem mania de só comer na primeira cadeira da mesa, meu cachorro tem mania de deitar em cima de qualquer pedaço de pano que ele encontrar pela frente.


Eu? Tenho mania de ler jornal de trás para frente, a folha de baixo para cima, mexer no cabelo, dormir do lado errado da cama, dormir coberta até o queixo, lavar o cabelo sempre que tomo banho, balançar a perna ou qualquer outra parte do corpo, ou, ainda, balançar o corpo todo, coçar o nariz quando estou com raiva, fazer gestos indicativos de muito ou pouco com as mãos, sempre prestar atenção em mil coisas ao mesmo tempo, mania de comer com garfo e faca nas duas mãos, mania de observar janelas, de ler vários livros ao mesmo tempo, andar descalça (...)


Não me pergunte o porquê delas, que, com certeza, não saberei te dar uma resposta. Todas as listadas e as que eu deixei de listar – por não ter as identificado ainda ou por falta de espaço mesmo – eu incluo no hall dos grandes mistérios da humanidade ou apenas excentricidades.


E, por falar em excentricidades, há, ainda, aquelas manias que são conhecidas mundialmente (que por força de quem as cultiva e pelo grau de neurose que elas trazem consigo) e viram marcas registradas. Afinal, quem nunca chamou o Michael Jackson de louco quando o assunto é a sua palidez funérea resultante da sua neurótica mania em ser branco? Em âmbito nacional, nada mais justo que exemplificar essas excentricidades com o nosso rei Roberto Carlos. Quem, em toda a sua vida, não já assistiu o especial de fim de ano da Rede Globo, onde o azul predomina em TODOS, eu disse TODOS os lugares do cenário?


Se você ainda não está conformado que sim, todos nós temos as nossas manias, sinto informar que é preciso que você reveja seus conceitos. Se, por outro lado, você se encontra em algum dos níveis maníacos já listados anteriormente, o que te resta é aceitar esse rótulo de louco, neurótico, esquisito, mentalmente debilitado, estranho e similares e levar a sua vida, afinal , meu amigo, já dizia o ditado: De médico e de doido, todo mundo tem um pouco.

3 comentários:

Sunflower disse...

Que bom e que bom, são essas manias, defeitos, enfeitos e detalhes que nos tornam únicos, não?

perfeição... ai, bocejei!

beijas

Natália Nunes disse...

ah, tem aquelas manias que aliviam a ansiedade, que são simples hábitos comportamentais, charmosos até, que são coisas que aprendemos com os outros, com situações, mas há manias que são doença, tipo a do Robertão.

tem manias nos outros que são super tesudas: que garota não acha lindo homens com aquela mania toda especial de mexer no cabelo ou de sorrir de determinada maneira?

eu tenho algumas, nem todas são socialmente charmosinhas haha :P

oh god.


beijo!

Nathália. disse...

i'm the queen nesse assunto.
ahahahhaha
ficou ótimo o texto, coleguis. =(